UnB Agência – Como o senhor lida com a questão de segurança em Curionópolis?
Major Curió – A segurança é uma necessidade e uma das maiores aspirações do povo. Aqui, nós fazemos cumprir a lei. É bandido? Vai pra cadeia. Reage à mão armada? É respondido à mão armada. Toda ação tem uma reação em igual intensidade e em sentido contrário. Há certos tipos de delinqüentes que não têm outra solução a não ser prisão e, se resistir, a mão armada. Tem de haver muita força de vontade para combater a delinquência e a criminalidade. É raríssimo ver um assalto aqui. Sempre festejamos o carnaval e nunca houve uma briga aqui. Se pintar um bandido, nós não esperamos que ele pratique um crime. Todo bandido tem uma ficha. Vimos que chegou, pedimos o currículo e prendemos imediatamente.
UnB Agência – O senhor é conhecido como um homem muito rígido. Como o senhor combateria os problemas de segurança pública no país?
Major Curió - Sou uma pessoa humana, mas cumpro a lei. Não abro mão de os infratores responderem por seus crimes. Por isso, dizem que sou rígido. Baixo uma ordem e ela tem de ser cumprida. No Brasil, faltam vontade política e um esquema estratégico compatível com a força da criminalidade. O primeiro problema é que se combate a criminalidade, muitas vezes, com forças policiais no seio das quais existem integrantes de quadrilhas. Inicialmente, tem de se fazer uma seleção nas forças, começar pelas cabeças, pelos mandantes. Aqui em Curionópolis, pegamos quem alimenta a criminalidade. Em São Paulo, por exemplo, não vejo necessidade de polícia militar de um efetivo tão considerável. Bastaria vontade política e um aparelhamento bélico compatível com o dos criminosos, que estão mais bem armados que a polícia.
UnB Agência - Na prática, como o governo federal deveria agir em relação à segurança pública?
Major Curió - Tudo começa com um trabalho de inteligência de informação e com um sistema estratégico. É preciso saber quem é quem para, depois, selecionar as equipes da polícia. Operacionalmente, às vezes é ridículo ver policiais subindo os morros do Rio de Janeiro em fileiras. Tem de ser uma operação especial em combate militar para cercar uma área daquela. Fazer triagem na saída da população e deixar o morro como um campo de batalha porque bandido tem esconderijo, sistema de alerta, está mais bem armado que a polícia.
UnB Agência – O governo Lula está devagar nessa questão?
Major Curió - Sim. Onde estão os criminosos que atacaram os postos policiais, atiraram na população, queimaram ônibus e implantaram o terror em São Paulo (p). Eu não tenho conhecimento. Tem de haver uma ação. Talvez o Lula tenha um pouco de dificuldade porque nós vimos o governo de São Paulo dizer que não queria apoio do governo federal na segurança, mas o próprio Lula viu que o esquema do estado não era eficiente. O próprio governo federal tinha de intervir e tomar a frente do combate. Reafirmo que falta vontade política.