22 janeiro 2007

O Eldorado brasileiro

A Serra Pelada foi o sonho do Eldorado para milhares de garimpeiros na década de 1980, quando foi encontrado ouro na região. Existem duas versões para a descoberta de ouro no distrito de
Curionópolis (PA). A primeira é de que garimpeiros subiram o Rio Vermelho e seus afluentes até atingir a fazenda Três Barras, onde encontraram ouro nas aluviões de um córrego que denominaram de Grota Rica. A segunda atribui a descoberta a um técnico que realizava trabalhos de topografia para um fazendeiro da região.

A notícia espalhou-se por todo o país e pessoas das mais diferentes profissões deslocaram-se para a serra e iniciaram o trabalho de garimpagem. A estimativa é de que a população garimpeira do local tenha chegado a 30 mil pessoas em março de 1890, por conta da descoberta de enormes pepitas de ouro no então denominado Morro da Babilônia. O destaque foi para a maior pepita de ouro em exposição no mundo, com peso de 62,1 quilos e que pode ser vista no Museu de Valores do Banco Central. No fim do ano de 1981, mais de 10 toneladas haviam sido retiradas do garimpo.

(*) Fonte: página eletrônica do Banco Central
http://www.bcb.gov.br/htms/museu-espacos/pepitas/HistoriaSPelada.asp?idpai=

Equipes visitarão Serra Pelada


Conhecida mundialmente e responsável por movimentar a economia do estado do Pará e de toda a nação na década de 1980, o distrito de Serra pelada é o próximo local de visita dos rondonistas da UnB e da Fumec que estão em Curionópolis (PA). Eles partem para lá na manha de terça-feira, 23 de janeiro, para conhecer o garimpo e ministrar palestras em temas como Educação Inclusiva, Saúde Preventiva Ambiental e Cidadania para a comunidade.

O chefe de Limpeza Mauricio Braga de Souza (foto), 57 anos, foi uma das pessoas que vieram para o garimpo em busca de ouro. Natural de São Luiz (MA), ele deixou em sua terra natal mulher e três filhos em 1984. Tudo isso com o anseio de ficar rico. Mas, como milhares de garimpeiros, não conseguiu concretizar seu sonho. Hoje, em sua função na prefeitura, recebe salário de R$ 580.

Com esse dinheiro e o de outras atividades que exerce como autônomo, Souza sustenta sua mulher e seis filhos, família que constituiu aqui. "Eu não me arrependo de ter vindo. Apenas lamento o fato de ter andado por tantos lugares e só ter me fixado aqui. As pessoas dedicaram-se muito ao garimpo e ele fechou", lamenta o chefe de limpeza.

PERSISTENCIA - Diferentemente de Souza, muitos garimpeiros não arredam o pé de Serra Pelada até hoje. Mas agora a realidade é outra. Devido à exploração de ouro na superfície do garimpo, parte da terra transformou-se de morro em um enorme buraco. Além disso, os parâmetros de exploracão adotados são tecnicamente onerosos e viáveis apenas para grandes empresas.

O professor de Instituto de Geologia (IG) da UnB Detlef Walde, especialista em geologia ambiental e coordenador da equipe de rondonistas da UnB em Curionópolis, analisa que a exploracão da região não geraria mais retorno financeiro para os produtores. “A problemática é que velhos garimpeiros ficaram olhando para o lago e esperando que um dia ficassem ricos. Mas, hoje, eles teriam de investir muito tempo e dinheiro para explorar esses recursos e isso não compensaria”, avalia Walde.

Terra rica, população pobre


A manhã de segunda-feira, 22 de janeiro, foi produtiva para a equipe de rondonistas da UnB em Curionópolis (PA). Os professores e estudantes visitaram a Secretaria de Mineração, a Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho Tutelar da cidade. Nos encontros, eles identificaram problemas que a população local enfrenta nessas áreas. Eles também propuseram temas de oficinas para discutir possíveis caminhos a serem seguidos pelos agentes municipais para desenvolver esses setores.

O Secretário de Mineração do município, José Manuel Airton Moura Silva, destacou que, embora a cidade de Curionópolis (PA) seja conhecida por conta dos garimpos, os produtores não têm licença para buscar ouro, além de muitos não conhecerem a regulamentação da garimpagem. “Nosso município tem muitas riquezas minerais, mas a comunidade é muito carente”, lamenta Silva.

Além disso, destaca ele, a própria secretaria não recebe dotação orçamentaria do estado para desenvolver o setor de garimpagem no município. Assim, quando precisa desempenhar tarefas como a vistoria de garimpos, solicita serviços e equipamentos da prefeitura. O Secretário de Meio Ambiente de Curionópolis, Otacílio Nonato da Silva, por sua vez, avalia que a maior necessidade dos habitantes de Curionópolis é a conscientização ambiental. “Também ainda não contamos com recursos próprios. Estamos engatinhado na questão de meio ambiente”, diz o secretario.

Rondonistas planejam próximos dias de trabalho



As equipes de rondonistas da UnB e da Universidade Fumec do Projeto Rondon 2007 em Curionópolis (PA) aproveitaram o início da manhã de segunda, 22 de janeiro, para se reunir e planejar as atividades do dia. Ainda no período da manhã, o grupo da UnB conversará com o Secretario de Mineração e com o Secretario de Meio Ambiente do município. A intenção é conhecer as necessidades da cidade nessas duas áreas, estabelecer contatos e organizar a agenda de palestras e oficinas para os próximos dias. A equipe da Fumec, por sua vez, se reunirá com a Secretaria de Educação da cidade.

Os rondonistas estão alojados no posto da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) do município. Ao todo, quatro professores e 12 alunos dividem o local. A limpeza da fundação e a alimentação dos grupos fica por conta da Prefeitura da cidade. Conhecido como o anjo das equipes, o capitão de Infantaria do 52° Batalhão de Infantaria de Selva de Marabá (PA) Ronny de Brito Barros é o responsável por apoiar a equipe na realização das atividades em Curionópolis.

Ele acompanha os estudantes e estabelece contatos entre eles e os agentes municipais do local, além de zelar pela segurança da equipe. Há 13 anos no exercito, Brito nunca tinha apoiado diretamente uma equipe de rondonistas. Para ele, essa é uma experiencia enriquecedora por conta do contato com os universitários de varias regiões. “São culturas diferentes. A rotina de trabalho também é bem diferente da que estou acostumado no Exército”, afirma o capitão.

Estudantes em contato com a cultura local


Depois de um longo dia de trabalho, os integrantes do Projeto Rondon 2007 em Curionópolis (PA) aproveitaram a noite de domingo, 21 de janeiro, para ir a uma vaquejada na cidade. Tradicional no estado do Pará, a competição tem como meta alinhar o boi no local demarcado na arena por duas faixas, que estão a 10 metros uma da outra. Depois de levar o animal até o local, as duplas de vaqueiros tentam derrubá-lo.

Um dos organizadores da vaquejada na cidade, o fazendeiro Mario de Almeida explica que a intenção de realizar a competição é levar formas de lazer para a comunidade de Curionópolis. “É uma tradicao da nossa região e as pessoas se divertem muito”, garante Almeida.
Moradora de Curionópolis, a comerciante Irene Débora de Jesus, 38 anos, confirma que a vaquejada agrada aos moradores da região. “A gente gosta muito desse tipo de esporte. Ele já faz parte da cultura do município, que desenvolve a pecuária”, observa Débora.

Estudante do 9° semestre de Psicologia da Universidade Fumec, a rondonista Gisele Lidiane Silva (foto), 22 anos, divertiu-se muito na competição. Amante dos esportes que envolvem animais como cavalos e bois, ela pratica cavalgada duas vezes por ano no estado onde mora, em Minas Gerais. Mas a universitária nunca tinha assistido a uma vaquejada. “É um esporte muito interessante. Além disso, pude conhecer um pouco mais da cultura daqui”, diz Gisele.