20 janeiro 2007

Rondonistas vivenciam realidade da selva


O segundo dia de trabalho do Projeto Rondon 2007 foi muito cansativo. Mesmo assim, deixa saudades e uma experiência enriquecedora. Durante o Estágio de Adaptação à Selva realizado na tarde de sábado, 20 de janeiro, os rondonistas que estão em Marabá (PA) já puderam colocar em pratica os conhecimentos que adquiriram na floresta. Na Base de Selva Cabo Rosa, eles participaram da atividade Orientação na Selva Amazônica, na qual aprenderam a manusear uma bússola e a se localizar na região.

Depois disso, mesmo sentindo muito calor, eles não desanimaram e seguiram para uma trilha para conhecer as propriedades físicas e medicinais de arvores e alimentos vegetais da floresta. Mas a oficina que mais marcou foi a de Ofídios. Nela, os rondonistas aprenderam a respeito de cobras peçonhentas e não-peçonhentas e sobre cuidados que uma pessoa deve tomar quando é picada, entre outros temas.

Corajosos, muitos rondonistas ainda quiseram segurar uma das serpentes que estava na base. Eles só tiveram de tomar muito cuidado com uma sucuri de quatro metros de comprimento que foi exposta durante o encontro. Na manhã de domingo, 21 de janeiro, cada equipe de rondonistas que esta em Marabá seguirá para a sua cidade de atuação. A UnB Agência acompanhará o grupo que trabalhará em Curionópolis (PA), sob a coordenação do professor do Instituto de Geociências (IG) da universidade Detlef Walde.

Uma tarde de ambientação na selva


Muito verde e um calor de mais de 35º. Os rondonistas que estão em Marabá (PA) passaram, na tarde de sábado, 20 de janeiro, pelo Estágio de Adaptação à Selva. Eles foram para a Base de Selva Cabo Rosa, onde caminharam dentro da floresta amazônica durante mais de quatro horas para conhecer o ambiente. “Esse é o santuario onde se forja nosso combatente de selva. Nos adestramos e, com isso, temos condições de permanecer aqui” diz o comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva, o tenente coronel Paulo Cicero Jacinto de Menezes.

No local, os professores e estudantes assistiram a cinco oficinas e tiveram aulas práticas de como obter fogo e como manusear uma bússula. O estudante do 6º semestre de Pedagogia da UnB Francisco Marcio Amado (foto), 28 anos, ficou encantado com a experiência de gerar fogo a partir de materiais que fazem parte de seu cotidiano e que ele sequer sabia que poderiam ser utilizados para essa finalidade.

“Fomos recebidos com muito carinho. O que mais chamou a minha atenção foi a beleza da selva, que eu nunca tinha visitado”, observa Amado. “É incrível perceber que, mesmo com tanta influência do homem na natureza, a gente pode encontrar muita beleza aqui”, reforça o estudante do 15º semestre de Ciências Biológicas da UnB Lucas Silveira Antonietto.

OFICINAS MINISTRADAS NO ESTAGIO
1
– Obtenção de água e fogo;
2 - Como construir um abrigo na Selva;
3 - Ofidismo;
4 - Orientação diurna (manuseio de bússola na selva e trabalho em equipe);
5 - Pista de flora – alimentos de origem vegetal.

Equipe almoça no batalhão

Depois de uma manhã marcada por cerimônias de boas-vindas, os rondonistas almoçaram no próprio local onde estão alojados, no 23º Batalhão Logístico de Selva de Marabá (PA), no sábado, 20 de janeiro. A equipe comeu frango assado e bife. Para sobremesa, foi servido mousse de maracujá.

Logo após a refeição, os rondonistas seguiram para treinamento na Base de Selva Cabo Rosa (nome em homenagem ao cabo morto na Guerrilha do Araguaia) para conhecer melhor a região amazônica. De acordo com o tenente da 23º Brigada de Infantaria de Selva Helder Farias, a intencao é que os professores e estudantes conheçam animais e alimentos da região, além de receberem treinamento para sobrevivência na selva. "É bom para eles entrarem em contato com uma nova realidade e saberem como agir na floresta", diz Farias.

Abertura da operação em Marabá


Os estudantes e professores que estão em Marabá (PA) tiveram uma oportunidade de conhecer melhor o Projeto Rondon e os seus resultados na manhã de sábado, 20 de janeiro. Eles participaram da Abertura da Operação dos trabalhos no Auditório Eduardo Bezzera da Secretaria Municipal de Saúde de Marabá.

O coordenador geral do Projeto Rondon 2007 no Ministerio da Defesa, o general de Brigada Celso Krause, ficou responsável pela apresentação do histórico, das operações já realizadas e das diretrizes do projeto. Em 2007, ao todo, 945 rondonistas atuam em 63 municipios do Brasil (veja quadro), o que configura o maior número participantes desde o início do projeto.

PROJETO RONDON 2007
Regiao Número de rondonistas Número de municípios
Amazônia Oriental 353 22
Amazônia Ocidental 112 11
Bahia 320 20
Rio Grande do Sul 160 10
Total 945 63

“Priorizamos as áreas em que há mais exclusão social e buscamos garantir a continuidade das ações. Vamos trocar conhecimento respeitando as comunidades locais visitadas”, afirma Krause. O coordenador da equipe da UnB em Curionópolis (PA), o professor do Instituto de Geociências(IG) da instituição Detlef Walde, faz uma boa avaliação da estrutura oferecida pelo projeto em Marabá. “Foi tudo muito bem preparado e organizado para que nos acostumemos com essa nova realidade e possamos desenvolver os trabalhos com sucesso”, analisa o coordenador.

Formação cidadã na Amazônia Oriental


Exemplos de vida e cidadania, os integrantes do Projeto Rondon 2007 que estão em Marabá (PA) participaram na manhã de sábado, 20 de janeiro, da Formatura de Boas-Vindas do projeto. Realizada no pátio Marechal Castelo Branco do 52º Batalhão de Infantaria de Selva do município, ela visa a apresentar a Força Terrestre da Amazônia aos rondonistas.

Em cerimônia emocionante, a tropa desfilou e executou a Canção do Exército, por meio da qual demonstrou amor e dedicação à pátria. O comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva, o tenente coronel Paulo Cicero Jacinto de Menezes (foto), ressaltou a importância do engajamento dos universitários no Projeto Rondon. “A Amazônia tem a maior diversidade do planeta e um grande potencial de mineração e, por isso, é objeto de alto interesse mundial. Assim, precisa ser desenvolvida e integrada a outras regioes do Brasil”, afirmou.

O tenente do batalhão Luciano de Aquino Valente Junior, por sua vez, cultuou o espírito do soldado da Amazônia ao fazer a Oração do Guerreiro da Selva. A estudante do 6º semestre de Ciências Biológicas da UnB Leticia Martins dos Santos, 23 anos, ficou surpresa com a recepção da tropa. Isso porque ela sempre esteve acostumada com a idéia de distanciamento entre o exército e os universitários, por conta das lutas travadas no período militar brasileiro. “Eu nunca tinha entrado no quartel antes. Tenho a oportunidade de conhecer a rotina e a organização do batalhão”, observa Leticia.

Hora do café da manhã

A maratona do segundo dia de viagem na Selva começou cedo para os rondonistas que estão Marabá (PA). Eles acordaram às 6h, pontualmente, e, 30 minutos depois, tomaram café da manhã no 23 Batalhão Logístico de Selva.

As equipes que vieram de Brasília enfrentam dificuldades para se adaptar ao clima da Amazônia Oriental. Embora todos os ventiladores dos quartos tenham ficado ligados durante a noite, poucas foram as pessoas que se cobriram para dormir. E se, por um lado, a noite de sexta-feira tenha começado com um calor de mais de 30º, por outro, no sábado, chovia abundantemente quando os professores e estudantes acordaram.

Agora, eles partem para a Abertura da Operação, na Secretaria de Saúde Municipal e, certamente, terão um longo dia de trabalho pela frente.

Jantar de boas-vindas em Marabá


Se o primeiro dia de viagem das equipes da UnB que foram para Marabá (PA) na sexta-feira, 19 de janeiro, foi cansativo, a noite, porém, foi compensadora. Os três professores e 14 estudantes dos grupos que atuarão no Projeto Rondon 2007 em Curionópolis (PA) e São Pedro da Água Branca (MA) foram recebidos, na noite de sexta, com coquetel de boas-vindas no Clube Militar dos Sargentos de Marabá. Para o jantar, foram servidos bife ao tornedor e filé de frango ao molho mostarda. Grupos de instituições como o Centro Superior de Ensino de Ilhéus (Cesupi) e a Universidade de Tuiuti do Paraná (UTP) também passaram a noite com as equipes da UnB.
O jantar foi um momento não apenas para descanso e descontração, mas também para que as equipes de rondonistas ficassem mais integradas. Afinal, os próximos dias prometem, pois trazem consigo muito trabalho e expectativa.

A subcoordenadora da equipe de rondonistas da UnB que atuara em Curionópolis, a professora do Instituto de Artes (IdA) da UnB Maria Luiza Fragoso, espera poder oferecer todas as sete Oficinas de Capacitação planejadas antes da viagem. Elas incluem temas como Aproveitamento dos Recursos Geoambientais e A Arte de Gerenciar com Arte. As atividades visam a capacitar agentes civis e municipais que possam colocar os conhecimentos em pratica após a saída das equipes de rondonistas dos municípios.

“Temos uma grande responsabilidade aqui e esperamos que não haja conflito com a comunidade, já que trazemos um conhecimento que não é tradicional aqui”, diz a subcoordenadora.
O estudante do 8 semestre de Psicologia da UnB Eduardo Guimarães Amorim, 23 anos, por sua vez, demonstra-se um pouco ansioso em relação ao desenvolvimento do Projeto Rondon 2007. Isso porque essa é a primeira vez que ele sai da universidade para entrar em contato com outras comunidades por meio de um projeto de extensão. Mesmo assim, ele garante que essa será uma experiência enriquecedora tanto para sua vida profissional como para a social. “Vim com um grupo multidisciplinar e espero aprender bastante durante o desenvolvimento do projeto”, diz Amorim.