25 janeiro 2007

Rondonistas partem de Serra Pelada

Os rondonistas da UnB e da Fumec retornaram para o centro de Curionópolis (PA) na tarde de quinta-feira, 25 de janeiro. Antes da saída, eles aproveitaram para conhecer um pouco mais o distrito de Serra Pelada, além do balneário e da cachoeira da região. Para a estudante do 11° semestre de Geologia da UnB Fabiana de Souza Pereira (foto), 22 anos, a experiência de três dias na serra foi diferente de tudo o que ela já viveu.

“Vemos nos olhos das pessoas que elas são muito sofridas, mas, ao mesmo tempo, muito receptivas. Aprendi que a geologia não deve se preocupar apenas com a retirada de minério, mas com as conseqüências desse tipo de atividade para a população que vive nas proximidades”, afirma Fabiana.

Agora, os rondonistas se preparam para os próximos nove dias de atividades em Curionópolis. A agenda da sexta-feira, 26 de janeiro, já está organizada. No período da tarde, os estudantes da UnB ministrarão as palestras acolhedoras para os gestores. Às 18h, está marcada uma oficina sobre os problemas ambientais da cidade. Todas as atividades serão realizadas no Teatro Municipal de Curionópolis.

Perspectivas para as crianças do garimpo


A manhã de quinta-feira, 25 de janeiro, ficará marcada para sempre nos corações dos quatro professores e 12 rondonistas da UnB e da Fumec que estão em Serra Pelada, distrito de Curionópolis (PA). Na terceira etapa das atividades com os alunos da Escolinha de Futebol de Carajás, eles organizaram os meninos em cinco equipes para falar a respeito de educação e cidadania (veja abaixo).

As crianças aprenderam por meio de brincadeiras, dinâmicas, mímicas, música, jogos, desenhos e pinturas. Além disso, elas se revezaram em cada um dos cinco grupos para participar de todas as atividades. Na equipe sobre profissões, os meninos falaram a respeito de seus sonhos e conheceram um pouco da trajetória dos rondonistas.

"A comunidade aqui não tem muita perspectiva de vida. Os meninos pensam em terminar o ensino médio e parar de estudar. Eles já têm a cultura de esperar que o garimpo ajude suas família. Por isso, é importante falar sobre as profissões com eles", explicou o rondonista Francisco Marcio Amado, 28 anos, estudante do 6º semestre de Pedagogia da UnB .

O estudante da 6º série do ensino fundamental de Serra Pelada Kelton Duarte da Silva, 11 anos, é uma exceção à regra. Ele já tem uma profissão em mente para quando terminar o ensino médio: quer ser arquiteto. "Gosto muito de desenhar e poderei utilizar meu talento nessa atividade", diz Silva.

TEMAS DAS DINÂMICAS
1 - Doenças Sexualmente Transmissíveis;
2 - Saúde;
3 - Profissões;
4 - Geologia;
5 - Cidadania e Bem-Estar;

Uma aula sobre o Exército Brasileiro


Um grupo de cerca de 55 alunos da Escolinha de Futebol de Carajás de Serra Pelada assistiu a uma aula sobre o Exército Brasileiro na manhã de quinta-feita, 25 de janeiro. O capitão de Infantaria do 52° Batalhão de Infantaria de Selva de Marabá (PA) Ronny de Brito Barros, conhecido como o anjo da equipe de rondonistas, falou a respeito das formas de ingressar na corporação, da presença das tropas no Brasil e na Amazônia e sobre a importância dos soltados para a pátria, entre outros temas.

No início da palestra, apenas três meninos do grupo diziam querer ingressar no Exército. No final, a reação foi diferente: o número triplicou. O estudante Jamilson Alves da Silva Cantanhedie, 15 anos, é um dos que deseja entrar para as tropas. Morador de Serra Pelada há pouco mais de dois anos, ele vive com a mãe e quatro irmãos e pretende, assim que completar 18 anos, se alistar. "Gostei muito da palestra, porque não temos esse tipo de atividade aqui", conta Cantanhedie.

O professor da escolinha de futebol, João Batista Silva Costa, considera a palestra importante para a formação dos alunos. A idéia do grupo, explica ele, é preparar os meninos não só para os esportes, mas também oferecer-lhes uma formação cidadã. "Seria muito bom se tivesse uma atividade como essa, pelo menos, uma vez por mês. Muitos desses jovens tinham preconceito em relação ao Exército. Pensavam que era humilhante. Agora, sabem que é uma atividade de amor à pátria", diz Costa.

Doação e satisfação pessoal no Rondon 2007

Enquanto os garotos da Escolinha de Futebol de Carajás de Serra Pelada se divertiam na Casa do Professor do distrito, na manhã de quinta-feira, 25 de janeiro, parte da equipe de rondonistas já planejava as próximas atividades para as crianças e preparava um café da manhã com pães, biscoitos e frutas.

Nos bastidores, porém, a cena foi mais emocionante. A estudante do 9° semestre de Psicologia da Universidade Fumec Gisele Lidiane Silva (foto), 22 anos, não conseguiu conter as lágrimas. Afinal, integrar uma equipe do Projeto Rondon significa muito mais do que trocar conhecimentos e visitar um município. É um sentimento de satisfação pessoal que compensa mais de 15 dias fora de casa e muitas horas sem dormir.

Embora Gisele já trabalhe com comunidades de baixa renda na cidade onde mora, Belo Horizonte (MG), ela considera as crianças de Serra Pelada especiais. "Estou muito feliz. É muito bom poder colaborar com essa comunidade, mesmo que seja com pequenos gestos. A gente vê a necessidade de um sorriso, de que alguém segure a mão das crianças. Elas sentem que alguém se preocupa com elas", emociona-se a rondonista.

Uma lição de vida em Serra Pelada


Bricadeiras, desenlhos, embaixadinhas, apresentação de teatro e muitas risadas. Os estudantes da UnB e da Fumec do Projeto Rondon 2007 em Curionópolis (PA) prepararam uma manhã especial para um grupo de cerca 55 crianças da Escolinha de Futebol Carajás de Serra Pelada na quinta-feria, 25 de janeiro. Na Casa do Professor do distrito, os meninos, que têm entre 9 e 18 anos de idade, puderam conhecer a respeito da profissão de cada um dos rondonistas e contar um pouco de sua história. Se no início eles estavam um pouco tímidos, depois de alguns minutos, porém, começaram a se soltar e aprenderam uma importante lição: nunca desistir de seus sonhos.

O professor da escolinha, João Batista Silva Costa, afirma que a atuação dos rondonistas tem importante impacto na vida das crianças de Serra Pelada. "Pensamos em prepará-las para a vida. Conscientizar que é importante tanto estudar como praticar esportes. Aqui, muitos meninos caem nas drogas por falta de atividade. Quando eles conhecem a história dos universitários, eles passam a ter uma nova perspectiva de vida", avalia Costa.